A internet passa a exercer, a partir da revolução tecnológica, um papel fundamental na sociedade, tanto em termos de circulação de capital quanto na reestruturação dos espaços sociais, dos comportamentos e das relações humanas. Mediada por meios digitais, adquire-se novos meios de produzir e consumir informações de forma mais rápida e dinâmica.
Com o advento do século XXI e as políticas de inclusão social que se voltam, sobretudo, à problemática de acessibilidade no ciberespaço, o governo brasileiro apresenta algumas propostas a fim de garantir acessibilidade a todos os cidadãos – inclusive à pessoas com deficiência.
Verifica-se, no entanto, que ainda não são apontadas medidas em relação à acessibilidade na web, haja vista somente ações à oferta de telefonia adaptada, pública ou privada; em território nacional, à disponibilidade de centrais de intermediação de comunicação telefônica em tempo integral; por parte das operadoras de telefonia móvel, à possibilidade de envio de mensagens de textos entre celulares de diferentes empresas; também à garantia de utilização de
legenda oculta
e/ou da janela com intérprete de
Libras
(Linguagem Brasileira de Sinais) em programas televisivos e pronunciamentos oficiais.
Apesar de positiva, essa perspectiva pode não ser suficiente para atender plenamente os princípios da acessibilidade na web, já que a pessoa com deficiência auditiva compreende e interage por meio de experiências visuais, manifestando a sua cultura, principalmente, pelo uso de
Libras
. Conforto e Santarosa (2002) afirmam ser indispensável refletir sobre o conjunto de diferenças linguístico-cognitivas existentes entre pessoas com deficiência auditiva, considerando as suas necessidades particulares quanto à comunicação.
Segundo Colacique e Góes (2011), o indivíduo excluído das novas formas de comunicação e de interatividade na web é privado não apenas da apropriação criativa do ambiente nas redes, mas, também, se mantém em uma lógica de subutilização baseada na mera transmissão e recepção de conteúdos.
Os internautas com deficiência auditiva, usuários de
Libras
, são indivíduos bilíngues, cujo aprendizado da Língua Portuguesa, na modalidade escrita, acontece como um aprendizado de segunda língua. A depender de seu nível de proficiência, o seu contato com a leitura pode ser limitado e fragmentado, comprometendo a sua criação e autonomia. Para aqueles que apresentam domínio da Língua Portuguesa limitado ou inexistente, o conteúdo da web disponibilizado em
Libras
deve contribuir para equidade social, respeitando as características linguísticas de cada pessoa.
Compartilhe esse post!