Pode ser estranho para quem aciona a função de
audiodescrição
dos televisores sem querer: Uma voz tranquila surge entre as falas e músicas, descrevendo imagens, objetos, expressões e tudo que ajuda a compreender uma notícia ou filme. Esta narração inesperada é essencial para os cegos e ganhou muito espaço na última década, graças às legislações que apoiam a universalização da acessibilidade.
“A
Audiodescrição
(AD) é um recurso de acessibilidade que consiste, basicamente, na tradução de imagens, o significado visual torna-se verbal, por assim dizer. Ela é de suma importância, pois ela permite que todos tenham acesso às mesmas informações”, explica Nathalia Hernandes, Supervisora de Produção Audiovisual da
SHOWCASE
.
O desafio da acessibilidade
Existem métodos diferentes de
audiodescrição
: Ela pode ser pré-gravada, ao vivo ou simultânea, conforme o tipo de produção audiovisual. Na
audiodescrição pré-gravada
, os profissionais assistem aos conteúdos na íntegra, fazendo um estudo detalhado para criar o roteiro. Ela ainda permite gravar e editar as faixas de áudio, deixando o conteúdo mais exato. Este é caso de
filmes, séries e comerciais
.
Para a
audiodescrição ao vivo
, a equipe também recebe o programa antes da transmissão para estudo e montagem de roteiro. A diferença está na locução ao vivo, junto com a transmissão do programa, estando sujeita a imprevistos, devido a mudanças na edição do programa ou algo do gênero. Esse é o caso para
programas de televisão pré-gravados
.
Finalmente, a
audiodescrição simultânea
acontece quando não há um roteiro fechado do programa ou a previsão de todos os eventos. Ela é feita através da locução ao vivo e conta apenas com um roteiro base, com informações dadas pela emissora/produtora e pesquisas. Esse formato tem mais dinamismo, pois o programa vai ao ar com informações inéditas. As situações mais comuns de audiodescrição simultânea são em
programas ao vivo, debates e noticiários
.
Qualidade essencial
“Cada conteúdo audiovisual pré-gravado é revisado integralmente pela equipe da
SHOWCASE
, que cria o roteiro da
Audiodescrição
”, explica Nathalia Hernandes. “Nós analisamos a obra, o tema do programa e seus personagens. Com o roteiro pronto, gravamos as faixas de áudio e as mixamos no programa, nos momentos de pausa e silêncio”. Antes de seguir para o cliente, o material é enviado para validação por um consultor externo.
Nas transmissões televisivas, a preocupação não é menor. “Em programas ao vivo, seguimos o mesmo preparo de pesquisa e roteiro. Além disso, meia hora antes de ir ao ar, começamos a aquecer a voz para a locução ao vivo”, conta a Supervisora de Produção Audiovisual da
SHOWCASE
.
Quem faz a Audiodescrição?
A
Audiodescrição
é realizada pelo audiodescritor, profissional capacitado através de cursos de roteiro e especializações para analisar profundamente o conteúdo audiovisual, antes de traduzi-lo para pessoas com deficiência visual. Após o bacharelado em Letras ou Comunicação Social, muitos profissionais optam pela especialização na Audiodescrição, que também amplia também o entendimento de pessoas com deficiência intelectual, idosos e disléxicos.
Nathalia Hernandes trabalha há quatro anos na
SHOWCASE
, onde se especializou em acessibilidade e ressalta a importância da atividade na sua carreira. “O processo da
audiodescrição
é enriquecedor. Desde aprender a criar o roteiro, entender a melhor forma de escrever até abrir os nossos olhos para um público que tem direito de conhecer e assistir as obras audiovisuais com as mesmas informações que os demais”, detalha.
Como usufruir?
Em todos os televisores com recepção digital é possível acessar a
audiodescrição
através da tecla SAP, de onde surgem as opções do canal de áudio. Normalmente a
audiodescrição
se encontra no segundo ou terceiro canal, mas é sempre necessário confirmar se a programação conta com o recurso, seja através do site da emissora ou pela sinalização no começo dos programas.