A acessibilidade audiovisual para surdos chegou ao Brasil no final dos anos 90, mas foi na década seguinte que o Closed Caption, também chamado de legenda oculta, ganhou relevância na televisão e nos grandes eventos. O recurso demonstra responsabilidade social e contribui decisivamente para a compreensão de congressos, aulas, treinamentos, espetáculos, apresentações culturais e transmissões pela internet ou TV.
Essa democratização do acesso a eventos beneficia cerca de nove milhões de pessoas com algum tipo de surdez, segundo os dados do último Censo realizado pelo IBGE, além de auxiliar muitas outras pessoas em ambientes onde o som não pode ser ouvido com clareza.
Existem duas maneiras de gerar Closed Caption em eventos e transmissões ao vivo: O reconhecimento de voz e a estenotipia. A geração de Closed Caption por reconhecimento de voz e relocução combina o trabalho de profissionais especializados em acessibilidade com a inteligência artificial. Neste método, as falas de apresentadores, palestrantes e músicos são relocutadas para uma geração de transcrição automática e validadas. Também são inseridas indicações de falante e indicações sonoras para a total compreensão do conteúdo.
Já a estenotipia utiliza um teclado com apenas 24 teclas – cerca de ¼ das usadas em um teclado padrão, que ao serem acionadas simultaneamente, geram fonemas e palavras. Assim, as falas são transcritas por um profissional, codificadas e enviadas para a exibição.
Embora tenha sido muito usada por emissoras de TV no passado, há mais de uma década a estenotipia tem dado lugar à geração de Closed Caption por reconhecimento de voz, que é facilmente contratada e está disponível por valores muito reduzidos.
Enquanto a formação do estenotipista leva de quatro a sete anos, restringindo o volume de profissionais disponíveis e elevando os investimentos, o Closed Caption por reconhecimento de voz tem centenas de profissionais habilitados e utiliza uma tecnologia amplamente validada por diferentes segmentos de mercado.
Economia de recursos
Na geração de Closed Caption por reconhecimento de voz, a produção das legendas pode ser realizada no local do evento ou remotamente. O modelo mais adotado pelo mercado segue o conceito de Software as a Service (SaaS), pelo qual o áudio e o vídeo são recebidos pelo provedor via IP, processados e devolvidos ao cliente para inserção sobre as imagens com um delay mínimo. Tudo acontece de maneira quase instantânea, sem que a audiência perceba.
Quando o Closed Caption é feito no local do evento, os profissionais necessitam de uma cabine ou ambiente com isolamento acústico para a relocução das falas ao vivo, geração e revisão das legendas e envio para a exibição. Os especialistas em acessibilidade audiovisual também pesquisam e estudam sobre o tema, criando uma base com vocabulário específico, nome de palestrantes e apresentadores para uma melhor entrega de serviço. É uma medida que dá fluidez e amplia a precisão.
Esta conversão automática das falas em legendas utiliza redes neurais em constante aperfeiçoamento, na qual novos nomes, objetos e até onomatopeias são adicionados a uma base de dados dinâmica, para garantir a grafia correta.
Graças ao volume de profissionais aptos a trabalhar com relocução e reconhecimento de voz, e também ao emprego da Inteligência Artificial, este modelo a geração de Closed Caption está disponível para eventos de todos os tamanhos, em qualquer região do país, a custo muito acessível.
Closed Caption: Um recurso essencial
Bons eventos são sempre inclusivos e a acessibilidade audiovisual garante que eles possam ser apreciados e compreendidos por um público diversificado. A acessibilidade melhora a experiência de compreensão da pessoa surda com informações primordiais sobre o contexto. Além da transcrição das falas, são incluídos detalhes sobre as músicas, efeitos e sons que contribuem para o entendimento completo do evento.
Além de demonstrar responsabilidade social, a adoção de Closed Caption é regulamentada por ampla legislação, a começar pela Lei Nº 13.146 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), de 2015, Decreto Nº 5.296, de 2004 e a Portaria Nº 958, de 2014. Também é preciso estar atento à conformidade com as normas brasileiras – ABNT NBR 15603, ABNT NBR 15610-1 e ABNT NBR 15606 – e com os principais padrões internacionais – CEA-608 e CEA-708.
Se eles não forem seguidos, pode haver instabilidade ou incompatibilidade total, comprometendo a qualidade do serviço e até mesmo ocasionando multas.